terça-feira, 20 de março de 2012

Julgar num presta nem pru qui nem pru cu lá!

Dia desses eu tava
a migué
Esperando o afolozado do meu cunhado
Já tava até agoniado com a demora do boca-de-tramela


E enquanto eu pastorava da janela
Vi se enroscando o saliente com uma cunhã
Pensei cá comigo: cumé? Num é minha irmã!


E quem será a tal da desavergonhada
Que vinha com aquele demente
Que nem parecia gente
Era mais uma lerdo jogando um leriado
Marreteiro safado!
Com a muléstia taboca!


Acunhei para espiar como a bicha era
Parecia uma lua de tão bela
Menina bem apanhada
Um pitel, apetrechada
Abuticou meus ói de tão aprumada
Aquela que eu pensei ser um estrupício
Me deixou na esparrela
E nem deu tempo de dar aquela guaribada
Pra sair o grude grelado na cara


Dava pra ver o gigolete pai d'égua no quengo da nêga
Vistosa que só ela
Num remeleixo dos quartos porreta
Me deixou numa secura, a presepeira
Pense! Uma pixototinha daquela


Fiquei maluco, doido, ariado
Fiquei inté com as pernas bambas
Parecia um abiscoitado
E do coração só senti um latejar

Que nem pude controlar
Eu tava mesmo é
barreado

Eita! Pra minha surpresa
Meu cunhado veio logo emburacar
Truxe a moça logo pra encandear
E minhas vistas alumiar

Disse: "Ói, agora você vai olhar o caroço dos olhos dessa pequena
Porque é ela que tá doida por você
E eu trouxe ela aqui pra conhecer
O futuro marido dela
E dessa união fazer uma festa
Que nós nem ninguém nunca mais vai ver acontecer

E foi assim que ela abuletou-se da minha vida
Foi desde esse dia
Que eu conheci Martinha Fia
A mulé que vivo há 47 anos aqui no sertão

A mulé que será pra sempre a dona do meu coração




Sandra Melo